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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Doutor aonde está meu bebê? VANISHED TWIN - A Síndrome do Gêmeo Desaparecido!


Há poucas semanas fui procurado por uma paciente pedindo esclarecimentos sobre uma situação muito perturbadora. Ela havia se consultado com outro profissional mas permanecia com dúvidas sobre o que estava acontecendo.

Em suas mãos, algumas ultrassonografias...

Tratava-se de uma gestante ainda com cerca 12 semanas (2º mês). Seus exames eram claríssimos! A primeira ultrassonografia mostrava dois embriões com 6 semanas. Gêmeos Fraternos (não idênticos)!

Cada um possuía placenta e bolsa amniótica próprias. No entanto, no segundo exame, realizado nas últimas 24 horas, mostrava apenas um feto com 12 semanas.

Não restava dúvidas! Um gêmeo havia desaparecido!..

Naturalmente ela perguntava aonde está meu bebê?!?

A resposta, apesar de simples, pode gerar dúvidas e surpresa a qualquer pessoa. Infelizmente um dos gêmeos havia perecido. Não é tão incomum que as gestações gemelares apresentem algumas complicações. Dentre as mais comuns podemos citar a prematuridade e gêmeos de diferentes tamanhos (mesmo quando idênticos).

Neste curioso caso ocorreu um fato muito bem descrito na literatura médica o VANISEHD TWIN (no inglês "gêmeo desaparecido"). Nestes casos, em ocasiões precoces da gestação de gêmeos ocorre a interrupção espontânea de uma das gestações, ou como dito popularmente, um aborto, sem qualquer sinal de dor sangramento ou outro sintoma. Muitas vezes tal fato não chega nem a ser registrado pois muitas gestantes só realizam a primeira ultrassonografia acima das 10 semanas.

Mas porque isso acontece? 

Vamos pensar sob o seguinte aspecto, a gestação humana é um processo fino e delicado. Para que uma gravidez ocorra tranquilamente todas as funções vitais da mãe e do filho devem ser normais e constantemente preservadas.

Naturalmente, sabemos que durante a gravidez todos os órgãos da mulher trabalham em sobrecarga e desta forma exigem mais do corpo da mãe. 

Agora imaginem a gestação de gêmeos!..

São duas novas vidas que devem ser geradas e sustentadas por cerca de 40 semanas. Podemos dizer simplesmente que se trata do dobro de trabalho e as funções que normalmente antederiam apenas a uma criança, agora devem ser suficientes para sustentar duas.

Mas o que ocorreria se as chances de um dos fetos fosse comprometida por um defeito genético ou fisiológico? Como sustentar a gestação de gêmeos se um deles está comprometido desde o início de seu desenvolvimento?

São em situações como estas que percebemos a complexidade da vida humana, o quanto nossos corpos são programados para se adaptar e sobreviver a diferentes situações.

Na Síndrome do Gêmeo Desaparecido um dos fetos perece em favor da preservação da vida daquele que tem mais chances de sobrevivência. 

Há aqueles que vejam nesta situação, sob o aspecto da espiritualidade ou da poesia, o irmão que se sacrifica para a o benefício do outro. Mas isso não nos cabe discutir afim de respeitar a liberdade de credos e a ética.

Mas em verdade, de alguma forma, a escolha do filho mais viável é feita e as funções maternas são preservadas a tal ponto que a mulher nada sinta ou demonstre. Chegando ao ponto de total reabsorção do feto perecido sem haver qualquer sinal daquela gestação outrora detectada.

Enfim, com muito cuidado, tentei confortar aquela futura mãe, dizendo que o que ocorrera não era fruto de uma doença em curso mas sim o desfecho mais favorável para que aquele filho sobrevivente se desenvolvesse com maior chances de uma gravidez normal e tranquila.

Mais conformada, ela se foi um pouco mais tranquila do que chegou.

E eu fiquei ali, grato por poder ajudar, perguntando-me porque se torna cada vez menos frequente dar as informações tão necessárias ao conforto de nossos semelhantes... 

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Pseudociese ou Folie des Deux?

Meus caros amigos hoje trago um aspecto interessante da prática médica. Vez por outra somos surpreendidos por situações raras e inusitadas. A que hoje relato é certamente uma delas! Como de costume infomações foram omitidas por motivos éticos-legais.


Certa vez em um serviço de emergência um médico atendeu uma gestante para a realização de uma ultrassonografia. A paciente fora encaminhada por estar em gestação acima do 4º mês, exibir sangramento e sentido dores ritmadas em baixo ventre.


Como de praxe o médico realizou algumas perguntas sobre exames anteriores e sintomas e obteve respostas positivas sobre a realização de exames laboratoriais e ultrassonografias prévias constatando a gestação em curso de maneira normal. Era evidente a preocupação do casal em relação ao concepto vindouro.


No entanto, ao proceder ao exame o médico não constatou quaisquer sinais de gestação dentro do útero. Imediatamente, o profissional continuou o procedimento em busca de sinais de gestação ectópica (fora do útero). Tal situação poderia respresentar um risco grave a vida da paciente e deveria ser prontamente diagnosticada!


Contudo, nenhum outro resultado foi obtido a não ser a constatação de um exame ginecológico compatível com Ovários Micropolicísticos (recomendamos a leitura do post em nosso blog).


Preocupado o médico mostrou o exame para a paciente e seu acompanhante na tela do seu aparelho. Ao receber o notícia de que não havia qualquer sinal de gestação presente ou interrompida recentemente (nos últimos 30 dias), a paciente começou a sentir cólicas cadas vez mais fortes e seu acompanhante continuava a afirmar que os exames recentes (nos quais estava presente) demonstravam a gestação de mais de 4 meses.


Ao se retirar da sala de exame o médico soliticou que fossem resgatados no sistema de laudos todos os exames prévios do referido caso para formar uma opinião mais concreta. Estes revelaram uma surpreendente situação...


Nenhum exame laboratorial ou ultrassonográfico anterior havia sido positivo para gestação em curso. Ao contrário todos foram claros e específicos no sentido de corroborar o diagnóstico de Síndrome de Ovários Micropolicísticos.


Em certas situações o desejo de gestar provoca estados psicossomáticos de natureza conversiva. Em outras palavras, o desejo se manifesta no corpo da pessoa. Neste caso, o desejo foi tão intenso que a paciente exibia o abdome distendido e todos os sintomas relativos a uma gestação - isso se chama Pseudociese.


Mas em situações raras a psicose conversiva é partilhada pelo casal. Isto mesmo! O casal realiza consultas, exames e, ao receber informações contrárias ao seu desejo, elaboram uma fantasia mútua onde vêem, escutam e sentem. São capazes de ouvir os batimentos de um bebê que nunca existiu, sentir seus movimentos ao toque na barriga distendida, ter enjoos matinais. Tudo o que aconteceria numa gestação normal. A esta não frequente situação chamamos Folie des deux!


Espero que tenham apreciado a curiosa e surpreendente história.


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domingo, 9 de outubro de 2011

Brincar é coisa séria!

Meus amigos eu peço licença para lhes pedir um pequeno favor: Leiam esta publicação mesmo ela sendo um pouquinho longa. Seguindo a nova linha ideológica do Blog trago um post que abrange também cidadania e um pouquinho de saúde.

O dia das crianças tá chegando e hoje passei no shopping para seguir nessa romaria que nós passamos em prol da alegria dos nossos filhos. E vendo tantos pais comprando um sem número de coisas para agradar seus filhos eu não pude deixar de pensar...

...meus filhos tem tanto! Tantos brinquedos, roupas e mimos que fica difícil saber exatamente o que eles tem. Sabe, dá um aperto no coração saber que muita coisa fica ali, parada na prateleira ou intocada no fundo de uma caixa ou gaveta.

Cada brinquedo não utilizado é como um livro nunca lido. Cada um desses mimos excessivos representa a alegria de outras tantas crianças que fica ali, também no fundo de uma gaveta de impossibilidades...

A gente pensa que está fazendo um bem aos nossos filhos mas na verdade ensinamos que Mais é cada vez Menos...

Falei ao meu filho Arthur: -Filho vc tem tantos brinquedos e nem usa muitos deles! O que vc acha de dar um pouco para outras crianças que não podem comprar?

Em uma resposta simples e honesta ele disse: -E eu vou ficar sem brinquedos?

Respondi que não, que ele ainda teria muitos brinquedos para brincar e que ainda ganharia um novo boneco.

Mas uma vez respondeu de maneira clara: - Mas esses brinquedos são todos meus!!! (Deixando estampada na cara sua insatisfação e nenhuma intenção de se desfazer de nenhum dos seus mais de 30 itens)

No excesso nossos filhos aprendem a desvalorizar o que tem. E no apego não aprendem a alegria de compartilhar da alegria de outros.

Meus sobrinhos Juliana e Victor colaboram com uma ONG que dá assistência a crianças carentes e já separei vários brinquedos do Arthur para dar (a exemplo do que já procuramos fazer no Natal).

Tenho um filho com necessidades especiais e passei muito tempo com ele em terapias ocupacionais, fono e fisioterapia. Todos os profissionais me orientaram a não apresentar diversos brinquedos ao mesmo tempo para uma mesma criança (especial ou não) pois isso divide a atenção dela e não dá chance para que ela explore sua imaginação e as possibilidades de cada brinquedo.

Brincar é coisa muito séria! Brincar é o primeiro estímulo para o desenvolvimento da mente infantil. As brincadeiras ensinam muito do que o cérebro irá realizar durante toda a vida. Mas brincar ensina principalmente valores e a sociabilidade.

Então eu peço, não, na verdade eu lhes imploro: pensem nos seus filhos mas não esqueçam dos filhos do outros. Lembrem-se que eles também merecem uma bola, uma pipa, uma boneca! Qualquer coisa que simbolize que somos todos iguais e que, em um mundo mais justo, há mais possibilidades na busca da felicidade.

Lembro que meu pai um dia me disse que em sua infância de curtas possibilidades ele pegava 4 palitos usados de fósforo e um chuchu e que aquilo era seu boizinho para brincar. A brincadeira durava pouco tempo pois o chuchu tinha de servir de alimento em seguida. Ele não verteu lágrimas enquanto me relatava essa parte de sua vida mas seus olhos deixaram escapar aquela tristeza de um menino pobre e descalço que só tinha sua imaginação para brincar...

Sinto muito pelo meu pai menino sem brinquedos. 

Sinto profundamente pelas crianças paradas ao meu lado no semáforo brincando com latas vazias de refrigerante enquanto meu filho pula em pé numa caixa de brinquedos em casa.

Perdoem-me por não ser breve.

Mas eu queria deixar bem claro porque apresento finalmente meu pedido.

Doem parte dos brinquedos dos seus filhos. Aqueles que ele nem lembra que tem ou com mais de 30 dias que não são utilizados.

Procure alguém ou alguma instituição e faça uma pequena diferença na vida de uma criança.

Ainda dá tempo! Quarta-feira ainda está longe!

Obrigado por sua atenção. Feliz dia das crianças!

Alexandre H. Eller

PS - transmitam, compartilhem, marquem, curtam, sei lá! O que for preciso, mas por favor transmitam essa idéia a frente. Se vc pensar bem não custa nada, um clique e já foi! De repente seu coração pode ficar mais leve e uma criança ganhe presente inesperado nesta quarta...

O grupo solidário de coração tem uma página no facebookl e lá podemos encontrar um relação dos postos de coleta. 

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

O que você sabe sobre Ovários Micropolicísticos?

Olá meus caros leitores,

hoje trago algumas informações sobre a Síndrome dos Ovários Micropolicísticos. Se você não é mulher provavelmente nunca ouviu falar! Mas se é mulher deve ter um monte de informações embaralhadas na cabeça.

Vamos começar falando sobre esse termo "Micropolicísticos". É muito comum na medicina que uma condição clínica receba diferentes nomes ao longo dos anos. Isso ocorre devido ao melhor entendimento das causas e do processo de adoecimento através de descobertas científicas e estudos clínicos.

Inicialmente as doenças são classificadas como Síndromes, um conjunto de sinais e sintomas ainda não totalmente compreendidos pelos médicos mas que ocorrem simultaneamente em uma frequência suficiente que permitem definir um diagnóstico clínico. Ou seja quando os médicos sabem identificar os sinais e sintomas mas não sabem qual é a causa eles chamam de síndrome... Por exemplo, se você tiver febre, ritmo cardíaco acelerado e respiração curta, podemos dizer que ocorre uma Síndrome Febril.

Outra coisa muito comum é dar o nome do pesquisador à Síndrome, criando assim os epônimos. Assim, a Síndrome de Ovários Micropolicísticos foi incialmente descrita em 1935 como Síndrome de Stein Leventhal e se caracteriza por obesidade, amenorréia (a falta da menstruação por 3 meses), infertilidade e hirsutismo (o desenvolvimento de pêlos terminais (grossos como os masculinos). 

Em seguida, vamos compreender os ovários. Órgãos fantásticos! Diminutos e delicados, são formados ainda na vida intra-útero. Ao nascer, mesmo possuindo ovários infantis, a mulher possui todos os óvulos que utilizará ao longo de sua vida.

Outra característica interessante dos ovários que, além de uma função reprodutiva, desempenham um papel fundamental nas funções hormonais femininas. A produção de hormônios ovarianos é um processo delicado e envolve estruturas localizadas no cérebro e todas devem agir em perfeita sincronia para produzir um ciclo menstrual perfeito. Tal sincronia pode ser afetada por condições como a obesidade, a resistência à insulina e a deficiência de uma enzima localizada nos ovários chamadas aromatases. 

Quando este equilíbrio é rompido, os órgãos que compõem o eixo hipotálamo-hipófise-ovariano irão desempenhar funções conflitantes impedindo que o ovulação ocorra no momento apropriado. Sem ovulação a mulher não produz a progesterona e não haverá a segunda fase do ciclo menstrual. Consequentemente não haverá a menstruação, por isso ocorre a amenorréia. Se não há ovulação, a mulher não será fértil, daí a dificuldade de engravidar. Vejam bem! Eu disse dificuldade, nunca a impossibilidade. Mulheres com ovários micropolicísticos tem toda a condição de gerar filhos se submetendo a tratamentos muito simples.

Progressivamente os óvulos estimulados mas não liberados vão se acumulando nos ovários, conferindo-lhes um aspecto de um saquinho de bolinhas. Cada óvulo estimulado possui certa quantidade de líquido que ao ultrassom se traduz como um cisto. Como a imagem do ovário mostra múltiplos e pequenos cistos, utilizamos o termo Micropolicístico. Termo que acho incorreto pois não se tratam de cistos, são óvulos. Prefiro o termo Sinais de Anovulação Crônica. Pois o que vemos realmente é o resultado de um processo progressivo de anovulação...

Com o tempo haverá uma maior produção de androgênios (hormônios masculinos), quer seja pelas altas taxas de insulina ou pelo tecido gorduroso periférico. Nascerão pêlos grossos, haverá aumento do trofismo genital e surgirá acne de difícil controle, caracterizando o que chamamos de hirsutismo.

O revestimento interno do útero (o endométrio) se tornará cada vez mais grosso e sem a progesterona produzida após a ovulação poderão ocorrer sangramentos irregulares e aumentará o risco de câncer do endométrio.

Mas como saber se você tem ovários micropolicísticos?

Na ocorrência de ciclos irregulares (nenhuma menstruação ou em datas imprevistas), deve-se procurar um ginecologista. Ele fará perguntas que indicarão quais exames devem ser pedidos. e através de um exame físico simples poderá diagnosticar o hirsutismo.

Exames laboratorias para a dosagem hormonal, dosagem do colesterol, rastreio de diabetes e resistência insulínica, juntamente com o exame ultrassonográfico são suficientes na maioria das vezes para o diagnóstico eficaz.

O tratamento sempre deverá abranger as causas da anovulação. As pacientes obesas devem emagrecer, o diabetes e a resistência insulínica devem ser corrigidos. E todas as pacientes poderão fazer uso de anticoncepcionais orais para corrigir os efeitos da anovulação crônica (acne, pêlos indesejados etc).

Corrigidos tais efeitos nada impede, inicialmente, que se inicie o uso de indutores de ovulação nas pacientes que desejem engravidar.

E quando ocorre a cura?

Devemos compreender os ovários micropolicísticos como uma condição clínica característica da paciente e não como uma doença que irá simplesmente desaparecer. O que buscaremos sempre é o equilíbrio fisiológico para que a mulher tenha uma vida saudável e possa constituir sua família sem dificuldades. Mas sempre deverá dar a devida atenção e tratamento a essa condição.

Finalizando gostaria de dizer que certa vez recebi em meu consultório uma paciente que acabara de se consultar com um profissional que lhe disse que nunca teria filhos pois tinha ovários microplicísticos. Tranquilamente esclareci as mesmas informações acima...

Após 8 meses de tratamento ela teve sua primeira gestação que transcorreu sem qualquer complicação dando a luz a um saudável meninos por meio de parto normal. Hoje tem dois filhos e talvez tivesse mais não fosse a opção do casal pela vasectomia...

Até a próxima!

Meu nome é Alexandre H. Eller! 
Médico, pai e cidadão, buscando levar a informação e qualidade de vida aonde necessário for..

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Saúde Bem Simples!

Olá!

Caros amigos e leitores do Blog,

após um período de reformulação decidimos realizar mudanças no blog. Em face das muitas solicitações de esclarecimento sobre as mais simples situações e cenários nos campos da saúde e medicina, decidimos mudar o nome para Saúde Bem Simples!

O nome já diz tudo! De agora em diante abriremos espaço para postagens que simplifiquem as informações técnicas tornando a informação acessível ao público geral. Bem que o blog poderia se chamar Como Toda Consulta Deveria Ser, já que as postagens seguirão o estilo dos muitos atendimentos de nossa prática clínica.

Vamos informar mas também simplificar sem abrir mão da expertise e da qualidade de informação.

Um grande Abraço.

Dr Alexandre H. Eller

Nosso novo email saudebemsimples@gmail.com

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