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sexta-feira, 7 de outubro de 2011

O que você sabe sobre Ovários Micropolicísticos?

Olá meus caros leitores,

hoje trago algumas informações sobre a Síndrome dos Ovários Micropolicísticos. Se você não é mulher provavelmente nunca ouviu falar! Mas se é mulher deve ter um monte de informações embaralhadas na cabeça.

Vamos começar falando sobre esse termo "Micropolicísticos". É muito comum na medicina que uma condição clínica receba diferentes nomes ao longo dos anos. Isso ocorre devido ao melhor entendimento das causas e do processo de adoecimento através de descobertas científicas e estudos clínicos.

Inicialmente as doenças são classificadas como Síndromes, um conjunto de sinais e sintomas ainda não totalmente compreendidos pelos médicos mas que ocorrem simultaneamente em uma frequência suficiente que permitem definir um diagnóstico clínico. Ou seja quando os médicos sabem identificar os sinais e sintomas mas não sabem qual é a causa eles chamam de síndrome... Por exemplo, se você tiver febre, ritmo cardíaco acelerado e respiração curta, podemos dizer que ocorre uma Síndrome Febril.

Outra coisa muito comum é dar o nome do pesquisador à Síndrome, criando assim os epônimos. Assim, a Síndrome de Ovários Micropolicísticos foi incialmente descrita em 1935 como Síndrome de Stein Leventhal e se caracteriza por obesidade, amenorréia (a falta da menstruação por 3 meses), infertilidade e hirsutismo (o desenvolvimento de pêlos terminais (grossos como os masculinos). 

Em seguida, vamos compreender os ovários. Órgãos fantásticos! Diminutos e delicados, são formados ainda na vida intra-útero. Ao nascer, mesmo possuindo ovários infantis, a mulher possui todos os óvulos que utilizará ao longo de sua vida.

Outra característica interessante dos ovários que, além de uma função reprodutiva, desempenham um papel fundamental nas funções hormonais femininas. A produção de hormônios ovarianos é um processo delicado e envolve estruturas localizadas no cérebro e todas devem agir em perfeita sincronia para produzir um ciclo menstrual perfeito. Tal sincronia pode ser afetada por condições como a obesidade, a resistência à insulina e a deficiência de uma enzima localizada nos ovários chamadas aromatases. 

Quando este equilíbrio é rompido, os órgãos que compõem o eixo hipotálamo-hipófise-ovariano irão desempenhar funções conflitantes impedindo que o ovulação ocorra no momento apropriado. Sem ovulação a mulher não produz a progesterona e não haverá a segunda fase do ciclo menstrual. Consequentemente não haverá a menstruação, por isso ocorre a amenorréia. Se não há ovulação, a mulher não será fértil, daí a dificuldade de engravidar. Vejam bem! Eu disse dificuldade, nunca a impossibilidade. Mulheres com ovários micropolicísticos tem toda a condição de gerar filhos se submetendo a tratamentos muito simples.

Progressivamente os óvulos estimulados mas não liberados vão se acumulando nos ovários, conferindo-lhes um aspecto de um saquinho de bolinhas. Cada óvulo estimulado possui certa quantidade de líquido que ao ultrassom se traduz como um cisto. Como a imagem do ovário mostra múltiplos e pequenos cistos, utilizamos o termo Micropolicístico. Termo que acho incorreto pois não se tratam de cistos, são óvulos. Prefiro o termo Sinais de Anovulação Crônica. Pois o que vemos realmente é o resultado de um processo progressivo de anovulação...

Com o tempo haverá uma maior produção de androgênios (hormônios masculinos), quer seja pelas altas taxas de insulina ou pelo tecido gorduroso periférico. Nascerão pêlos grossos, haverá aumento do trofismo genital e surgirá acne de difícil controle, caracterizando o que chamamos de hirsutismo.

O revestimento interno do útero (o endométrio) se tornará cada vez mais grosso e sem a progesterona produzida após a ovulação poderão ocorrer sangramentos irregulares e aumentará o risco de câncer do endométrio.

Mas como saber se você tem ovários micropolicísticos?

Na ocorrência de ciclos irregulares (nenhuma menstruação ou em datas imprevistas), deve-se procurar um ginecologista. Ele fará perguntas que indicarão quais exames devem ser pedidos. e através de um exame físico simples poderá diagnosticar o hirsutismo.

Exames laboratorias para a dosagem hormonal, dosagem do colesterol, rastreio de diabetes e resistência insulínica, juntamente com o exame ultrassonográfico são suficientes na maioria das vezes para o diagnóstico eficaz.

O tratamento sempre deverá abranger as causas da anovulação. As pacientes obesas devem emagrecer, o diabetes e a resistência insulínica devem ser corrigidos. E todas as pacientes poderão fazer uso de anticoncepcionais orais para corrigir os efeitos da anovulação crônica (acne, pêlos indesejados etc).

Corrigidos tais efeitos nada impede, inicialmente, que se inicie o uso de indutores de ovulação nas pacientes que desejem engravidar.

E quando ocorre a cura?

Devemos compreender os ovários micropolicísticos como uma condição clínica característica da paciente e não como uma doença que irá simplesmente desaparecer. O que buscaremos sempre é o equilíbrio fisiológico para que a mulher tenha uma vida saudável e possa constituir sua família sem dificuldades. Mas sempre deverá dar a devida atenção e tratamento a essa condição.

Finalizando gostaria de dizer que certa vez recebi em meu consultório uma paciente que acabara de se consultar com um profissional que lhe disse que nunca teria filhos pois tinha ovários microplicísticos. Tranquilamente esclareci as mesmas informações acima...

Após 8 meses de tratamento ela teve sua primeira gestação que transcorreu sem qualquer complicação dando a luz a um saudável meninos por meio de parto normal. Hoje tem dois filhos e talvez tivesse mais não fosse a opção do casal pela vasectomia...

Até a próxima!

Meu nome é Alexandre H. Eller! 
Médico, pai e cidadão, buscando levar a informação e qualidade de vida aonde necessário for..

8 comentários:

  1. Nossa não sei nada a respeito, fui paciente por anos do Dr José Bento de Souza então sempre tive certeza de que me cuidava bem, então nunca me preocupei com isso. Mas por exemplo minha melhor amiga teve que tirar um dos ovários pois teve problemas com ovário polissístico, e agora recem casada ela correu para engravidar. Mesmo com um ovário apenas ela está grávida e vai nascer a Luiza em alguns dias aí no Brasil.
    Amei o Blog Dr, sorte e muito sucesso.

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  2. Cara Daniela,
    em primeiro lugar obrigado por atender meu convite para conhecer nosso modesto Blog! Uma ilustre visita de uma terra distante - Israel - Shalom! e Shaná Tová atrasado rs. Realmente em alguns casos os ovários podem assumir volumes expressivos e comprometer a integridade do ovário sendo necessária a intervenção cirúrgica em face de uma complicação aguda. Mas aproveito para dizer claramente que o tratamento cirúrgico dos Ovários Micropolicísticos através da ooforoplastia por ressecção semilunar foi deixada para trás visto que sua eficácia é baixa e reduz significativamente o "pool" ovariano (o número de óvulos que a mulher possui). Sendo comum a manutenção do quadro de anovulação e a posterior menopausa em idade mais precoce.

    Um grande abraço brasileiro para você!

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  3. Leandra da S. P. Portugal14 de out. de 2011, 12:30:00

    Gostei muito do seu blog. Muito esclarecedor, um grande serviço de utilidade pública.
    Abraços!

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  4. encontrei essa pagina em pesquisa e adorei! li varios artigos mas nenhuma tao eslcarecedor como este! o melhor q encontrei sem duvidas! Grata!

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  5. Gostei muito do artigo, bem claro e de fácil compreensão.
    Pode uma mulher ter micropolicístico que não ter os sintomas citados? Não ser obesa, ter ciclo menstrual regular...
    E qual diferença entre ovários policístico e ovário micropolicistico?

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    1. Bárbara os termos correspondem ao mesmo quadro, a anovulação crônica. Os sinais variam de pessoa a pessoa e tb com o tempo que perduram.

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