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domingo, 19 de dezembro de 2010

FIBROMIALGIA x DOR MIOFASCIAL - Outros esclarecimentos!

Ilustríssimos colegas,

Gostaria de agradecer por comentarem a postagem anterior Fibromialgia x Dor miofascial - diferenciem os sintomas. Venho novamente tecer algumas observações sobre o assunto.

Primeiramente peço que observem o título da postagem anterior – FIBROMIALGIA X DOR MIOFASCIAL:  DIFERENCIEM OS SINTOMAS. Em momento algum abordei os tratamentos específicos, mas sim os sintomas e a necessidade de uma equipe multidisciplinar especializada.

Em seguida peço licença e me dirijo especificamente ao autor anônimo do seguinte comentário: 


"Senhor alexandre quantos pacientes você já tratou com acupuntura e comparou com o tratamento da fisioterapia com inibição de pontos gatilhos por acupressura,pra dizer o que é melhor ou pior?O que você faz com agulhas,posso fazer com os dedos!!!!"

Caro colega, saia do anonimato. Aqui não perseguimos as discordâncias, abraçamos as diferenças em prol da salutar discussão de idéias (uma prática, aliás, que promove o renascimento de todo o conhecimento desde a Grécia antiga). Ficaria muito feliz em poder respeitosamente  dirigir minhas opiniões dentro da ótica de sua especialidade (que me parece ser a fisioterapia – perdoe-me se estiver errado).

Saciando sua curiosidade sobre a minha expertise em acupuntura e a acupressão, esclareço que há anos venho acumulando treinamento e conhecimento em diversas técnicas para amenizar a dor. Entre estas a Acupressão ou Shiatsu, técnica assimilada há mais de 14 anos em mais de 18 meses de curso reconhecido pela Secretaria Estadual de Educação do Estado do Rio de Janeiro com mais de 200 horas de prática supervisionada em ambulatórios de saúde pública da Cidade do Rio de Janeiro, quando era, ainda, um simples acadêmico de medicina. (Esclareço que na China é o médico que aplica esta técnica nos pacientes).

Com auxílio voluntário de meus alunos (sim, fui professor da técnica por mais de 2 anos), levei a acupressão e o shiatsu a diversas maternidades daquele estado, inclusive as de alto risco, observando o menor período de internação, intercorrências e de parto cesáreos nas pacientes atendidas.

Nosso trabalho teve o reconhecimento espontâneo da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, diplomando-me o mais jovem médico titulado Cidadão Benemérito do Estado do Rio de Janeiro até vai meu conhecimento.

Voltando ao termo Acupressão, acho o termo pobre em sua definição para nossa discussão visto que autores com Fischer, Travell, Simons, Lewit, Hong, Kostopoulos, Rizoupoulos e Ferreira preferem denominar a estimulação manual dos pontos gatilho como liberação miofascial, compressão isquêmica miofascial ou alongamento miofascial. Permita-me seguir a denominação destes louváveis autores.

Acredito que sua tentativa de acrescer algo a matéria tenha sido direcionada apenas aos casos de Síndrome Miofascial visto que Pontos Gatilho e os Tender Points encontrados na Fibromialgia diferem tanto em aspectos fisiopatológicos como em sua histologia fundamental. E tratar Fibromialgia somente com acupuntura ou qualquer outro método isolado seria, além de ineficaz, ABSURDO!

Assim sendo, recomendo como ponto de partida trabalhos como o do Dr. Kostopulos D., PT PDH, Pontos-Gatilho Miofasciais – Teoria / Diagnóstico / Tratamento, 2007.  Talvez se tivesse consultado esta publicação (literatura básica) não estivéssemos nessa situação redundante. Mas vamos em frente...

Travell e Simons em Myofascial Pain and Dysfunction declaram que há diversas formas de tratar pontos-gatilho, incluindo spray e alongamento, compressão isquêmica, injeção de soro fisiológico ou aplicação de um anestésico local e estimulação com agulha.

Diversos estudos de Hong CZ comprovaram que a estimulação com agulhas é mais eficaz que outras técnicas, incluindo o uso de anestésicos locais.

Lewit K, em 1979 demonstrou em seu estudo que era o agulhamento do ponto-gatilho o principal mecanismo da resolução da Síndrome Miofascial. Aqui vale a ressalva que a estimulação por agulhas nem sempre é acupuntura. O que nos leva a pontuar as seguintes diferenças em a Acupuntura e a Estimulação dos Pontos-Gatilho por agulhamento seco...

Acupuntura possui pontos previamente localizados e determinados sobre o trajeto de meridianos específicos (exceto os pontos extras ou ASHI). Já os Pontos-gatilho (PG) podem ser encontrados em qualquer ponto de acordo com a musculatura acometida.

A acupuntura pode ser aplicada a várias patologias enquanto a estimulação de PG é direcionada exclusivamente para a avaliação e tratamento da Síndrome Miofascial.

Acupuntura alivia a dor por meio de liberação de endorfinas e por mecanismos locais e sistêmicos de inibição da nocicepção. A inativação de um PG ocorre pela eliminação de um foco nociceptivo muscular específico.

Identifica-se os PG's pela presença de uma banda tensa muscular acompanhada de nodularidade, limitação da amplitude de movimentos, padrão de dor referida e resposta de espasmo local (twitch-response). Na Acupuntura, a seleção dos pontos é determinada ou pré-determinada pelo diagnóstico sindrômico da Medicina Tradicional Chinesa (MTC) – a Dor miofascial é classificada como uma Síndrome Bi.

Na liberação miofascial é sempre recomendado exercícios de alongamento miofascial. Na Acupuntura não é necessário técnicas complementares no seguimento do paciente. Neste ponto faço uma breve pausa para elegantemente discordar e enfatizar que a Síndrome Miofascial é objeto de trabalho de uma equipe multidisciplinar por ser a Dor uma experiência multidimensional e não somente um evento somático inflamatório.

Enfim, de ovo de pato não nasce galinha...

(acupuntura e agulhamento para liberação miofascial não são a mesma coisa)

Finalmente, Kostopoulos D, ressalta que há várias contra-indicações a liberação miofascial como neoplasias, infecções e feridas cutâneas, arteriosclerose grave, aneurisma, tratamento anticoagulante e osteoporose avançada (tadinha daquela vovozinha ou da paciente lúpica que receber um toque com mais do que 4 kg/cm de pressão...)

Ele finaliza dizendo: “Sugerimos enfaticamente a comunicação com o médico responsável, com outros médicos e com outros profissionais que tratam do paciente antes de se proceder ao tratamento”.

Bom, ele é fisioterapeuta com um Mestrado e dois PHDs, co-fundador da Hands-On Physical Therapy e membro da Associação Americana de Fisioterapia. O Dr. Kostopoulos deve saber o que diz...

A Acupuntura é apenas um dos diversos recursos que um bom médico deve ter a mão para contribuir com o trabalho da equipe multidisciplinar. Ele deve ser ainda capaz de identificar, diagnosticar e tratar quaisquer outras condições que possam ocorrer simultaneamente à patologia principal e este foi o alerta inicial da postagem. O comentário do colega anônimo apenas corrobora nossa preocupação, evidenciando o despreparo de profissionais de todas as classes da saúde (e inclusive médicos por que não?) em discutir seriamente e promover o conhecimento a luz das evidências científicas tão necessárias para fundamentar os tratamentos na área da saúde.

Agradeço novamente a abertura deste espaço de discussão e convido a todos a visitar www.aliviandoador.blogspot.com 

Respeitosamente,
Dr Alexandre H. Eller, MD.
Médico do Centro Médico da Coluna Vertebral

Referências Bibliográficas
1.      Travell JG, Simons DG, Myofascial Pain and Dysfunction: the Trigger Point Manual. Vol 1 Baltimore, Md: Williams & Wilkins, 1983.
2.      Hong CZ, Lidocaine injection versus dry needling to myofascial trigger point. The importance of the local twitch response. Am J Phys Med Rehabil. 1994; 73:256-63.
3.      Hong CZ, Kuan TS, Chen JT, Chen SM. Referred pain elicited by palpation and by needling of myofascial trigger points: a comparison. Arch Phys Med Rehabil. 1997;78:957-60.
4.      Lewit K. The needle effect in the relief of myofascial pain. Pain. 1979;6:83-90.
5.      Lewit K. Manipulative Therapy in Rehabilitation of the Locomotor System. Oxford, England: Butterworth-Heinemann;1999.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

FIBROMIALGIA x DOR MIOFASCIAL - A importância do diagnóstico preciso!!!

É muito comum que patologias que dependem de um diagnóstico essencialmente clínico sejam confundidas por profissionais não especializados, quer seja pela diversidade de sintomas encontrados ou pela ausência de exames complementares específicos.

Este é o caso de algias músculo-esqueléticas como a Síndrome Dolorosa Miofascial e a Fibromialgia.

Apesar da similaridade entre estas doenças, diferenças específicas entre os sintomas e história natural de cada uma delas facilitam o direcionamento do diagnóstico.


A Síndrome Miofascial é incidente em adultos de todas as faixas etárias, atingindo igualmente homens e mulheres, podendo ser aguda ou crônica. Geralmente é localizada, trazendo distúrbios ao sono secundários a dor intensa. Tem origem em traumas repetidos ou isolados (Síndrome do Chicote) e se caracteriza pela presença de pontos-gatilho que, ao serem comprimidos, reproduzem o padrão doloroso a distância em uma região corpórea específica de acordo com o músculo acometido, causando fraqueza, fadiga e assumindo um padrão assimétrico de distribuição. As alterações psicológicas associadas são geralmente leves e ocorrem em conseqüência da experiência álgica experimentada.

A Fibromialgia por outro lado é mais incidente em mulheres do que em homens, incidindo principalmente dos 40 a 60 anos. Alterações neurofisiológicas centrais são consideradas as causas da patologia e causariam distúrbios na percepção e modulação da dor. O aspecto crônico caracteriza a doença, que exibe distribuição generalizada e bilateral dos pontos dolorosos (tender poitns), assim como a alodínia e a insônia (sono não reparador). Observam-se intensas alterações psicológicas como a ansiedade e a depressão clínicas. Outra queixa comum é a fadiga generalizada.

Vale a pena ressaltar que a Síndrome Dolorosa Miofascial e a Fibromialgia podem coexistir numa mesma ocasião.


É freqüente a confusão entre estes diagnósticos ou a não percepção da ocorrência simultânea destas doenças. Isto leva a tratamentos menos eficazes e mais frustrantes para o paciente.


Em todos os casos a avaliação médica especializada seguida da abordagem terapêutica multidisciplinar é, em nossa opnião, o único caminho a ser seguido por obter os melhores resultados no controle dos sintomas e na promoção da qualidade de vida dos pacientes.


Alertamos que é comum frente ao sofrimento doloroso a busca por quaisquer métodos que aliviem os sintomas. Da mesma forma terapias sabidamente ineficazes são oferecidas por todo tipo de serviço ou indivíduo. Antes de iniciar qualquer tratamento procure um médico e obtenha maiores informações sobre sua saúde e sobre quais os meios SEGUROS de tratá-la.


Centros Especializados em Dor, como o CENTRO MÉDICO DA COLUNA VERTEBRAL,  contam uma equipe multidisciplinar de diversas áreas da saúde como Medicina, Fisioterapia e Psicologia especializados em abordar, avaliar e tratar síndromes dolorosas de difícil manejo e resolução.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

FIBROMIALGIA: COMECE A ENTENDER ESSA SÍNDROME!

A Fibromialgia é caracterizada por dor difusa crônica envolvendo músculos, ossos, articulações e tendões. O padrão difuso e complexo desta síndrome sugere que os mecanismos neurofisiológicos centrais estejam envolvidos alterando a nocicepção e a modulação da dor. 

Além da disfunção do sistema do nervoso central, alterações  musculares e alterações histológicas são observadas nos diversos pontos dolorosos corpóreos. Nestes há maior quantidade de fibras musculares rôtas e contraídas, levando a fraqueza muscular e ao comprometimento da microcirculação. Isto causa isquemia e hipóxia tecidual, perpetuando o ciclo da dor.

O controle dos sintomas é difícil. Apenas 5% dos pacientes alcançam a regressão total dos mesmos por mais de 3 meses. Muitas vezes o tratamento farmacológico deve ser prolongado. Contudo, pode haver grande melhora e recuperação quando há o tratamento adequado, a reeducação dos hábitos individuais e a promoção de hábitos de vida saudáveis como a boa alimentação e exercícios periódicos alternados a adequados períodos de sono e repouso.

A Fibromialgia acomete mais o sexo feminino (7:1) e atinge 2 a 6% da população geral. Inicia-se na terceira década de vida mas é mais incidente entre os 40 aos 50 anos. Estima-se que a incidência possa ser ainda maior devido a dificuldade diagnóstica e a coleta de dados precisos sobre a doença.


Quadro Clínico

Os sintomas mais comuns são: Dor muscular difusa, pontos dolorosos (tender points), dor articular, rigidez matinal, cefaléia, parestesia, formigamento, ansiedade, cãibras, depressão, irritação, insônia, nervosismo, sono não restaurador, alteração da memória, pernas cansadas, intolerância térmica, apnéia do sono e dificuldade de concetração.

A Fibromialgia ainda é frequentemente associada a enxaqueca, cefaléia tensional, disfunção temporomandibular, xerostomia, síndrome do cólon irritável, xerostomia, dismenorréia e fadiga crônica.

Outras queixas ainda são freqüentes: formigmento e adormecimento de áreas corpóreas, dificuldades auditivas, visuais e vestibular, nistagmo, sintomas genitourinários, palpitação e congestão nasal. No entanto o maior número de sintomas não está associada diretamente a gravidade da Fibromialgia.

A diminuição da capacidade muscular funcional, da amplitude de movimentos e da capacidade aeróbia são outras características importantes da síndrome fibromiálgica.

São critérios obrigatórios ao diagnóstico:

  • Presença de sensibilidade dolorosa generelizada;
  • Dor ou rigidez em pontos corpóreos (3 ou mais);
  • Duração de 3 meses;
  • Ausência de lesões traumáticas ou patologias clínicas que causem o quadro álgico.


Alguns autores preconizam a presença de pelo menos 12 pontos dolorosos para o diagnóstico de Fibromialgia.

Já o Colégio Americano de Reumatologia segue os seguintes critérios desde 1990:
  • Dor difusa e bilateral por todo o corpo;
  • Presença de 11 de 18 pontos dolorosos à palpação ou ao uso de algômetro (4Kg/cm2).

O uso desses critérios confere ao diagnóstico clínico com 88% de sensibilidade e 85% de especificidade para Fibromialgia.

A seguir uma figura ilustrativa dos pontos dolorosos usados no diagnóstico:


Exames complementares

O diagnóstico de Fibromialgia é essencialmente clínico. Os exames complementares em geral são realizados para excluir outras causas da dor. O Eletroencelafograma pode evidenciar o sono alfa-delta (“sono não reaparador”).

Existem fatores que se associam, precipitam ou atenuam a doença. São eles:

Fatores associados

Alterações do sono, fadiga, depressão,sedentarismo, vício postural,fatores ambientais, dores miofasciais.

Fatores precipitantes ou agravantes

Infeção,sono não reparador, atividade física excessiva, sobrecarga muscular, fatores emocionais e grandes períodos em posturas inadequadas.

Fatores atenuantes

Calor, ambiente seco, sono restaurador, banhos quentes de imersão, atividade física moderada, alongamento.

Diagnóstico Diferencial

Sempre é fundamental descartar patologias que comumente causam dor e muitas vezes cursam com a Fibromialgia. Por exemplo:

  • Artrite inflamatória;
  • Artropatias;
  • Hipertiroidismo;
  • Depressão;
  • Hiperparatireoidismo;
  • Polimialgia reumática;
  • Tendinite multifocal.


Tratamentos

Múltiplas modalidades terapêuticas são necessárias. É freqüente a associação de analgésicos de diferentes tipos com  Acupuntura, Terapia de Pontos Gatilho, Fisioterapia, exercícios e mudanças nos hábitos de vida. O controle dos fatores predisponentes ou agravantes da Fibromialgia é essencial para obter melhores resultados clínicos.

Além do alívio da dor, deve se objetivar a recuperação funcional do paciente, a promoção da saúde mental e a correção dos distúrbios do sono e do humor. Antidepressivos, relaxantes musculares, anticovulsivantes  e anestésicos (locais ou sitêmicos) constituem os grupos medicamentosos mais utilizados na síndrome.

A terapia cognitiva comportamental pode ser de grande utilidade nos casos aonde o componente emocional da dor deve ser controlado.

Técnicas de meditação e relaxamento, massoterapia e psicoterapia são adjuvantes comprovadamente úteis no controle e manejo de síndromes dolorosas crônicas. Porém seu uso isolado nestes quadros é pouco eficaz quer a longo ou curto prazo.

"Antes de iniciar qualquer tratamento, procure um médico. Somente ele pode realizar o diagnóstico de Fibromialgia!"

Referência Bibliográfica

Sakata R K, Issy A M, Dor -Guias de Medicina Ambulatorial e Hospitalar da UNIFESP-EPM, 2 Ed, 2008.




sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

DR ALEXANDRE ELLER PRESIDIRÁ EVENTO NO HOSPITAL MONTEKLINIKUM



O Dr Alexandre Eller, médico formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, especializado em acupuntura, com importante atividade nas dores miofascias, dores pélvicas e perineais, presidirá mesa no evento sobre as Verdades e Mentiras no Tratamento dos Problemas da Coluna Vertebral, no dia 11 de dezembro de 2010.


O evento conta com a presença de grandes especialistas de várias áreas, que apresentarão suas experiências e visões sobre os assunto.

As inscrições já estão esgotadas.

Nosso próximo evento está previsto para o mês de março com o tema: ESCOLIOSES E DEFORMIDADES DA COLUNA EM CRIANÇAS E ADULTOS : AVANÇOS NO TRATAMENTO.

No mês de junho, será a vez de discutir as DORES E FRATURAS DA COLUNA NOS IDOSOS: NOVOS TRATAMENTOS.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

DTM aumenta sensibilidade em pessoas com enxaqueca.

Pesquisa da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP  alerta para a importância de se tratar a Disfunção Temporomandibular nos pacientes que sofrem de enxaqueca crônica.
A pesquisa concluiu que a DTM é mais frequente nos pacientes que sofrem de enxaqueca associada a alodínia cutânea facial. Indicando que a alodínia seria um promissor marcador de DTM nas enxaquecas crônicas. Nestes casos o tratamento desta disfunção mastigatória-articular reduziria significativamente a intensidade e freqüência das crises enxaquecosas.

O trabalho "Alteração do limiar de dor ao frio no músculo masseter e Disfunção Temporomandibular em pacientes com migrânea com e sem alodínia"  foi conduzido pela pós-doutoranda Thaís Cristina Chaves, do Curso de Fisioterapia da FMRP, sob a supervisão da professora Débora Bevilaqua Grossi, professora do curso de Fisioterapia, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Enxaqueca: há muito o que você precisa saber..

A enxaqueca é um tipo comum de dor de cabeça. Podem ocorrer sintomas como náuseas, vômitos ou sensibilidade à luz. Em muitas pessoas, uma dor latejante é sentida apenas em um lado da cabeça.
Algumas pessoas que sofrem de enxaqueca têm sintomas de alerta, chamado de aura. Uma aura é um grupo de sintomas, geralmente os distúrbios da visão, que servem como um sinal de que uma dor de cabeça ruim está por vir. A maioria das pessoas, no entanto, não têm sinais de aviso.

Causas

Muitos sofrem de enxaqueca - cerca de 11 a cada 100 pessoas. As dores de cabeça aparecem pela primeira vez entre as idades de 10 e 46 anos mas, ocasionalmente, a enxaqueca pode ocorrer mais tarde. Enxaqueca é mais freqüente em mulheres do que homens, e pode ser mais comuns em determinadas famílias. As mulheres podem ter menos enxaquecas quando estão grávidas.
A enxaqueca é causada por atividade anormal do cérebro, que é desencadeada por estresse, certos alimentos, fatores ambientais, ou outra coisa. No entanto, a cadeia de eventos exata permanece desconhecida.
Os cientistas acreditavam que a enxaqueca ocorria devido a alterações nos vasos sanguíneos dentro do cérebro. Hoje, a maioria dos especialistas médicos acreditam que o ataque realmente começa no próprio cérebro, onde se envolve vias nervosas diferentes e produtos químicos. As mudanças afetam o fluxo sangüíneo no cérebro e tecidos circundantes.
Ataques de enxaqueca podem ser desencadeadas por:
  • Álcool
  • Reações alérgicas
  • Luzes brilhantes
  • Certos odores ou perfumes
  • Alterações nos níveis hormonais (que podem ocorrer durante o ciclo menstrual de uma mulher ou com o uso de pílulas anticoncepcionais)
  • Alterações nos padrões de sono
  • Exercício
  • Barulhos
  • Pular as refeições
  • Estresse físico ou emocional
  • Tabagismo ou exposição à fumaça
Certos alimentos e conservantes podem provocar enxaqueca em algumas pessoas. Os mais comuns são:
  • Qualquer processado, fermentado, em conserva ou marinadas alimentos
  • Chocolate
  • Laticínios
  • Os alimentos que contêm glutamato monossódico (MSG)
  • Alimentos contendo tiramina, que inclui o vinho tinto, queijo curado, peixe defumado, fígado de galinha, figos e alguns grãos
  • Frutas (abacate, banana, frutas cítricas)
  • As carnes que contêm nitratos (bacon, salsichas, salame, carnes curadas)
  • Carne suína
  • Cebola
  • Manteiga de amendoim
Esta lista pode não incluir todos os alimentos passíveis de dispara um ataque.
Raramente a dor é resultado de um tumor cerebral ou outro problema grave de saúde. No entanto, apenas um prestador de cuidados de saúde experiente pode determinar se seus sintomas são devido a uma enxaqueca ou outra condição.

Sintomas

Distúrbios da visão, ou a aura, é considerado um "sinal de alerta" que uma enxaqueca está chegando. A aura ocorre em ambos os olhos e podem envolver uma ou todas das seguintes características:
  • Ponto cego
  • Visão turva
  • Dor nos olhos
  • Ver estrelas ou linhas em zigue-zague (escotomas cintilantes)
  • Visão em túnel
Nem todas as pessoas com enxaqueca tem uma aura. Aqueles que costumam desenvolver uma cerca de 10-15 minutos antes da dor de cabeça. No entanto, pode ocorrer apenas a alguns minutos a 24 horas de antecedência. Uma dor de cabeça nem sempre é precedida por uma aura.
As enxaquecas podem ser compressivas ou severas. A dor pode ser sentida por trás do olho ou na parte de trás da cabeça e pescoço. Para muitos pacientes, as dores de cabeça começam no mesmo lado de cada vez. As dores de cabeça geralmente são:
  • Pulsáteis, latejantes
  • Piores em um lado da cabeça
  • Começa como uma dor opressiva e tende a  piorar dentro de minutos a horas
  • Ocorrem em intervalos de 6 a 48 horas
Outros sintomas que podem ocorrer com a dor de cabeça incluem:
  • Calafrios
  • Aumento da micção
  • Fadiga
  • Perda de apetite
  • Náuseas e vômitos
  • Dormência, formigamento ou fraqueza
  • Problemas de concentração, dificuldade em encontrar palavras
  • Sensibilidade à luz ou de som
  • Sudorese
Alguns sintomas associadaos podem se prolongar mesmo após a enxaqueca desaparecer. Pacientes com enxaqueca, por vezes, chamam isso de "ressaca" da enxaqueca. Os sintomas podem incluir:
  • Sentindo-se mentalmente maçante, como o seu pensamento não estivesse claro
  • Sonolência
  • Dor de garganta

Exames e Testes

Seu médico pode diagnosticar este tipo de dor de cabeça, fazendo perguntas sobre seus sintomas e história familiar de enxaquecas. Um exame físico completo será feito para determinar se suas dores de cabeça são devidas à tensão muscular, problemas de sinusite, ou um transtorno cerebral.
Não há nenhum teste específico para provar que sua dor de cabeça é na verdade uma enxaqueca. No entanto, seu médico pode pedir um cérebro ressonância ou tomografia, se você nunca os realizou e se houver a necessidade deste exame.
Se você tem uma enxaqueca com sintomas incomuns, tais como fraqueza, problemas de memória ou perda de agilidade, um eletroencefalograma pode ser necessário para excluir convulsões. A punção lombar (punção espinhal) pode ser feito.

Tratamento

Não existe um remédio específico para enxaqueca. O objetivo é prevenir os sintomas, evitando ou alterando suas causas.
Uma boa maneira de identificar gatilhos é manter um diário de dor. Anote:
  • Quando ocorrer
  • A intensidade
  • O que você comeu
  • Quantas horas de sono que você teve
  • Sintomas associados
  • Outros possíveis fatores (mulheres devem ter em conta sempre que estejam em seu ciclo menstrual)
Por exemplo, o diário pode revelar que a sua cabeça tendem a ocorrer com mais freqüência nos dias em que você acorda mais cedo que o habitual. Mudar seu horário de sono pode resultar em menos ataques de enxaqueca.
Quando você percebe os sintomas iniciais da enxaqueca, tenta tratá-los imediatamente. A cefaléia pode ser menos grave. Ao perceber sintomas da enxaqueca:
  • Beber água para evitar desidratação, especialmente se você tiver vomitado
  • Descanse em um quarto escuro
  • Coloque uma toalha fria na cabeça
Diferentes tipos de medicamentos estão disponíveis para pessoas com enxaquecas. Medicamentos são úteis para:
  • Reduzir o número de crises
  • Parar a enxaqueca logo nos primeiros sintomas
  • Tratar a dor e outros sintomas associados

Reduzindo os ataques
Se você tem enxaquecas freqüentes, o médico pode prescrever medicamentos para reduzir o número de ataques. Eles devem ser tomados todos os dias, garatindo a sua efic’acia. Esses medicamentos podem ser:
  • Antidepressivos como a amitriptilina
  • Medicamentos anti-hipertensivos, tais como beta-bloqueadores (propanolol) ou bloqueadores dos canais de cálcio (verapamil)
  • Outros medicamentos como o ácido valpróico, gabapentina, topiramato
  • Inibidores da recaptação da serotonina (ISRS), tais como venlafaxina
  • Inibidor da absorção seletiva de noradrenalina (SNRIs), tais como a duloxetina
PARANDO UM ATAQUE
Outros medicamentos são comumente tomados no primeiro sinal de uma crise de enxaqueca. Analgésicos vendidos sem receita médica, como paracetamol, ibuprofeno ou aspirina são frequentemente utilizados, especialmente quando a enxaqueca é leve. Mas perguntar ao seu médico sobre os medicamentos que deve tomar é sempre a melhor decisão. Pois o uso excessivo ou mau uso de medicamentos para a dor pode resultar em dores de cabeça ainda piores (efeito rebote).
O seu médico pode escolher entre vários tipos diferentes de medicamentos, incluindo:
  • Triptanos - os medicamentos mais prescritos para parar ataques de enxaqueca - como Almotriptano (Axert), frovatriptano (Frova), rizatriptano (Maxalt), sumatriptan (Imitrex) e zolmitriptano (ZOMIG)
  • Derivados do Ergot tais como ergotamina ou diidroergotamina com cafeína (Cafergot)
  • Isometapteno (Midrin)
Estes medicamentos vêm em formas diferentes. Pacientes que têm náuseas e vômitos, associados a sua enxaqueca pode fazer uso da forma de spray nasal, supositório, ou injeção em vez de pílulas.
Alguns medicamentos para a enxaqueca produzem vasoconstrição e não devem ser usados em pacientes com risco de ataques cardíacos ou doenças cardíacas. Derivados do Ergot não devem ser tomados durante a gravidez ou por mulheres que desejam engravidar  pois podem causar sérios efeitos colaterais para o feto.
Tratamento dos sintomas
Outros medicamentos são os principais indicados para tratar os sintomas da enxaqueca. Usados sozinhos ou em combinação, podem reduzir a dor, náuseas ou desconforto emocional. Alguns exemplo de medicamentos:
  • Medicamentos para náuseas
  • Analgésicos como o paracetamol (Tylenol)
  • Sedativos
  • Narcóticos analgésicos como a meperidina
  • Antiinflamatórios não-esteróides (AINEs) como o ibuprofeno

As possíveis complicações

Enxaqueca é um fator de risco para acidente vascular cerebral em homens e mulheres.
As crises de enxaqueca, geralmente não representam ameaça significativa para a sua saúde geral. No entanto, eles podem ser um problema de longo prazo (crônica) e pode interferir com seu dia-a-dia.

Quando entrar em contato com um profissional médico

Procure um Serviço Médico de Emergência, se:
  • Você está sentindo "a pior dor de cabeça de sua vida"
  • Tem problemas de fala, visão, movimento ou perda de equilíbrio, associados a dor de cabeça
  • Suas dores de cabeça são mais severas quando deitado
  • A dor de cabeça começa subitamente
Além disso, procure seu médico se:
  • Seus padrões de dor de cabeça mudarem
  • Tratamentos que já utiliza não são mais úteis
  • Você tem efeitos colaterais da medicação, incluindo batimento cardíaco irregular, ou azul pele pálida, sonolência extrema, tosse persistente, depressão, fadiga, náuseas, vômitos, diarréia, constipação, dor de estômago, cólicas, boca seca, sede excessiva ou
  • Você está grávida ou puder engravidar - alguns medicamentos não devem ser tomados durante a gravidez

Prevenção

Compreendendo os gatilhos de suas crises você pode evitar os alimentos e situações que causam suas enxaquecas. Mantenha um diário de dor de cabeça para ajudar a identificar a fonte ou o desencadeamento de seus sintomas. Em seguida, modifique o ambiente ou os hábitos para evitar dores de cabeça futuras.
Outras dicas para prevenir enxaqueca incluem:
  • Evite fumar
  • Evite o álcool
  • Evite adoçantes artificiais
  • Pratique exercício regularmente
  • Valorize o sono de cada noite
  • Aprenda a relaxar e reduzir o estresse - hipnose ajuda a reduzir o número de ataques de enxaqueca

Referências

Wilson JF. Na clínica:. Enxaqueca Ann Intern Med . 2007; 147 (9): ITC11-1-ITC11-16.
Ebell MH. O diagnóstico da enxaqueca. Am Fam Physician . 2006, 74 (12) :2087-2088.
Detsky ME, DR McDonald et al. Será que este paciente com dor de cabeça têm enxaqueca ou necessidade de neuroimagem? JAMA . 2006, 296 (10) :1274-1283.
RB Lipton, Bigal ME, Steiner TJ, SD Silberstein, Olesen J. Classificação das cefaléias primárias. Neurologia . 2004, 63 (3) :427-435.
SD Silberstein, WB Young. Cefaléia e dor facial. Goetz CG: Na. Textbook of Clinical Neurology . 3 ª ed. St. Louis, Mo: WB Saunders, 2007: cap. 53.